O funcionamento hidromecânico dos sistemas vulcânicos insulares é complexo e singular. As especiais características hidrogeológicas das ilhas da área biogeográfica da Macaronésia impedem a utilização de muitas das técnicas hidrogeológicas habitualmente usadas e obrigam a adaptar outras. Ao mesmo tempo, as massas de águas superficiais são escassas no âmbito da Macaronésia, exceptuando o caso de algumas ilhas dos Açores, mas com um importante valor e características ecológicas próprias.
Tendo em conta as exigências presentes na Directiva Quadro da Água, surge a necessidade de reestruturação das redes de monitorização dos sistemas aquíferos e superficiais, aprofundar e sistematizar o seu conhecimento de forma conjunta. A colaboração de diferentes instituições neste sentido ajudará à detecção de especificidades e ao intercâmbio de experiências e metodologias. Pretende-se realizar este trabalho coordenado nas ilhas de Tenerife, Gran Canária, Flores, Pico, Faial e Corvo. A ilha de Santa Maria será tomada como exemplo de estudo para a aplicação da guia metodológica que se desenvolva para a elaboração dos planos de gestão dos recursos hídricos.
Na ilha da Madeira, localizada geograficamente entre os arquipélagos sócios, terá continuidade o estudo da influência das massas florestais específicas da Macaronésia nos balanços hídricos insulares. Para atingir este objectivo básico foram estabelecidos os seguintes objectivos intermédios:
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Identificação e classificação de áreas homogéneas para cada tipo de massa de água.
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Determinar a contaminação natural das massas de água e definição das condições de referência.
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Realização de campanhas de amostragem (de 2 a 5 segundo as ilhas) e determinações analíticas de parâmetros físico-químico e biológicos.
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Classificação dos estados químicos e ecológicos das massas de águas superficiais e subterrâneas, de acordo com a Directiva Quadro da Água.
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Detectar tendências evolutivas e diferenciar aquelas que são de origem natural das que são causadas pela entrada de componentes antropogénicos. Caracterizar as fontes de contaminação.
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Determinar quais são as principais alterações da qualidade.
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Definir uma rede de controlo que permita conhecer e detectar alterações nas tendências e a execução de estudos hidrológicos.
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Estudar a viabilidade e, no caso, realizar um modelo hidroquímico que ajude a definir o funcionamento dos agentes de contaminação numa área específica.
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Por em prática mecanismos de controlo e gestão dos recursos hídricos.
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Analise económica do uso da água. Definição de objectivos ambientais e programas de acção.
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Guia metodológico para a elaboração de planos insulares de gestão de recursos hídricos.
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Divulgação de resultados pela web e edição de publicações, em relação com o objectivo 10.
As fases do trabalho coordenado serão as seguintes:
1.ª Fase: Coordenação e planificação dos sócios do projecto. Recolha de informação básica disponível. Delimitação e caracterização das massas de água. Detecção e caracterização dos principais pontos de contaminação, tanto pontual como difusa. Elaboração de proposta preliminar de um guia metodológico para a elaboração de planos insulares de gestão de recursos hídricos.
2.ª Fase: Seleccionar pontos de amostragem. Realizar uma primeira campanha de amostras. Avaliação dos resultados parciais obtidos. Prosseguimento coordenado entre os sócios do projecto. Identificação de pressões de origem antropogénicos.
Estudo de viabilidade da realização de um modelo de simulação hidroquímica para uma das massas de água consideradas.
3.ª Fase: Modelo hidroquímico numa área concreta se for viável. Continuação das campanhas de amostragem. Classificação do estado químico e ecológico das massas de água. Análise económica dos usos da água em ilhas de referência.
4.ª Fase: Integração dos resultados. Intercâmbio entre os sócios. Proposta e análise de programas de medidas e acções. Revisão final do guia metodológico.
5.ª Fase: Divulgação dos resultados.
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